O Alimento que DETONA o Cérebro vs. O que Cria GÊNIOS

O que torna uma pessoa inteligente?

É a genética? A educação? A curiosidade? O ambiente onde ela cresce? Os estímulos que recebe? Os livros que lê?

Tudo isso importa, claro. E a verdade é que a inteligência não tem uma definição única — ela pode variar dependendo da cultura, da perspectiva, até do momento histórico.

Mas existe um fator que costumamos esquecer — mesmo sendo parte do nosso dia a dia:

A alimentação.

Mais especificamente: as substâncias que chegam até o cérebro — sejam nutrientes essenciais ou toxinas.

Pouca gente para pra pensar, mas o cérebro — assim como os músculos — precisa de estímulo, sim… mas também de matéria-prima.

E essa matéria-prima vem da alimentação.

A proteína ajuda a construir músculos.

O cérebro necessita de gorduras específicas, vitaminas, minerais e diversos compostos essenciais para manter suas funções, estabelecer conexões e proteger as estruturas neuronais.

A composição do que comemos é capaz de moldar a forma como o cérebro funciona — sua capacidade de aprender, de focar, de memorizar… e até de evoluir, ou regredir.

O cérebro humano é composto por cerca de 60% de gordura, o que o torna altamente dependente da qualidade das gorduras que consumimos.

Diante disso, pesquisadores começaram a investigar: além de todos os fatores ambientais e comportamentais que moldam nossa inteligência, será que o tipo de gordura na nossa dieta pode afetar nosso desempenho cognitivo, incluindo o QI?

Em dois mil e dezoito, pesquisadores noruegueses identificaram algo preocupante:

os índices de QI estão caindo desde a década de 70.

E não se trata apenas da Noruega — essa tendência também foi observada em países como Dinamarca, Grã-Bretanha e Finlândia.

Estudos anteriores mostraram que, durante boa parte do século passado, os humanos estavam ficando mais inteligentes — um fenômeno conhecido como “Efeito Flynn”.

Mas esse avanço parece ter chegado ao fim.

De acordo com os próprios autores do estudo, em vez de ficarmos mais espertos, estamos ficando mais burros.

O pesquisador Ole Rogeberg, coautor do estudo, rejeita a ideia de que a queda no QI seja apenas genética — ou a teoria de que “pessoas menos inteligentes estão tendo mais filhos”.

Segundo ele, existem muitos fatores ambientais.

E é justamente aqui, que essa história começa a ficar ainda mais interessante.

O doutor Michael Crawford, diretor do Instituto de Química Cerebral e Nutrição Humana, fez a seguinte afirmação.

Um tipo específico de gordura, altamente processada, recém-adicionada à cadeia alimentar global, pode estar contribuindo ativamente para a regressão dos nossos cérebros.

Uma hipótese ousada — mas sustentada por evidências.

E Crawford vai ainda mais longe:

Se nada for feito, podemos estar caminhando pra uma idiocracia.

Mas afinal… o que está acontecendo?

Para entender melhor, precisamos voltar no tempo.

Muito antes dos ultraprocessados e dos óleos refinados…

Precisamos entender o que fez nossos cérebros se tornarem tão grandes, complexos — e inteligentes.

Há cerca de 7 milhões de anos, os primeiros ancestrais da espécie humana tinham cérebros pouco maiores que os de um chimpanzé.

Mas então, algo impressionante aconteceu.

Por volta de 2 milhões de anos atrás, o cérebro dos primeiros humanos — como o Homo erectus — começou a crescer de forma impressionante: triplicou de tamanho, indo de cerca de 450 para 1350 centímetros cúbicos.

Para comparar:

Se os nossos braços tivessem crescido na mesma proporção, hoje eles arrastariam no chão como os de um gorila.

Nenhum outro animal na história teve uma transformação tão radical no cérebro — em tão pouco tempo.

A pergunta é:

O que aconteceu?

Uma das hipóteses mais conhecidas sobre a evolução do cérebro humano diz que os primeiros humanos, ao descobrirem o fogo, começaram a cozinhar tubérculos selvagens — como raízes e batatas.

Isso teria facilitado a digestão e fornecido mais calorias pra sustentar um cérebro grande e faminto por energia.

Essa hipótese faz muito sentido.

Mas tem um detalhe importante…

Esses tubérculos fornecem energia, mas não todos os nutrientes essenciais para construir e manter um cérebro complexo.

O cérebro não se desenvolve só com calorias. Ele precisa de matéria-prima específica: gorduras estruturais, vitaminas, minerais e compostos que permitam formar e manter bilhões de conexões neurais.

É por isso que muitos cientistas apontam outro caminho mais lógico:

a caça.

Quando os primeiros humanos começaram a caçar, eles passaram a consumir não apenas carne muscular, mas também órgãos, gordura animal e, ocasionalmente, até cérebros.

Isso possibilitou um aporte muito maior de nutrientes importantes para o desenvolvimento do cérebro.

Essa mudança alimentar parece explicar tudo.

Mas, segundo o Dr. Michael Crawford, existe ainda outra peça importante nesse quebra-cabeça.

Afinal…

Por que alguns animais com cérebros grandes, como golfinhos e orcas, são tão inteligentes, enquanto outros, como rinocerontes, vacas e cavalos, não são?

Todos têm cérebros grandes em relação ao corpo — mas será que o tamanho é o único fator?

Crawford acreditava que havia algo na composição do cérebro que fazia toda a diferença.

Na década de 80, ele decidiu investigar quais tipos de gorduras estavam presentes nos cérebros de diferentes espécies.

E foi ali que ele percebeu algo interessante. Dois tipos de gorduras pareciam ajudar o cérebro a se desenvolver, enquanto um terceiro tipo parecia atrapalhar esse processo.

As duas gorduras que ajudavam eram:

O ácido araquidônico (AA) — um tipo de ômega-6,

E o ácido docosa-hexaenoico (DHA) — um tipo de ômega-3.

O AA os humanos conseguem obter com facilidade ao consumir carnes, ovos e outros alimentos de origem animal.

Mas o DHA… é outra história.

Os animais terrestres que os humanos caçavam — e ainda caçam hoje — não eram, e não são, boas fontes de DHA.

Esse tipo de gordura está concentrada em partes muito específicas — como os olhos e os cérebros.

Para garantir uma quantidade mínima, os primeiros humanos teriam que abrir muitos crânios.

Seria trabalhoso. Pouco eficiente. E, na prática… inviável.

Crawford argumenta que o grande salto evolutivo do cérebro humano pode ter ocorrido quando os nossos ancestrais encontraram uma maneira mais simples de obter DHA.

Humanos e macacos têm enzimas que conseguem produzir DHA a partir de certas gorduras vegetais — como o ALA presente em sementes de linhaça ou chia, por exemplo.

Mas tem um detalhe: a quantidade produzida é mínima.

Para alcançar níveis adequados, é preciso consumir DHA pronto — direto da fonte.

A dieta natural dos macacos, por exemplo, quase não contém DHA.

Isso levanta uma pergunta interessante:

E se pudéssemos dar DHA a esses animais… será que os cérebros deles mudariam?

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, resolveu investigar isso.

Macacos rhesus foram alimentados com uma dieta rica em DHA ao longo de toda a vida — por cerca de 17 a 19 anos.

Após esse período, os exames cerebrais mostraram que esses macacos desenvolveram redes neurais mais organizadas, mais conectadas — com características que lembravam, em alguns aspectos, o cérebro humano.

Em outras palavras: partes dos cérebros deles começaram a se parecer com os nossos.

Aqui, as áreas em vermelho e amarelo representam conexões mais intensas — claramente mais presentes no grupo que recebeu DHA, comparado aos outros.

Agora pense nisso…

E se os primeiros humanos tivessem encontrado uma fonte abundante de DHA, muito mais fácil de acessar do que abrir crânios de animais terrestres?

Eles encontraram.

A resposta estava na água.

Alimentos marinhos — como peixes, algas, mariscos e crustáceos — são as fontes mais ricas de DHA que existem na natureza.

Além disso, vêm acompanhados de outros nutrientes fundamentais para o cérebro, como proteínas, vitamina A, colina, zinco, iodo, selênio, vitamina B12, entre outros…

O Dr. Michael Crawford defende que, embora a caça tenha sido importante, era mais fácil — e mais seguro — para os primeiros humanos complementarem sua alimentação buscando alimentos na água.

O professor Stephen Cunnane, da Universidade de Toronto, também reforça essa ideia.

Segundo ele, foram os alimentos vindos do mar que impulsionaram o salto evolutivo do cérebro humano — uma hipótese que ficou conhecida como “teoria costeira”.

Claro que nem todos os humanos viviam próximos ao mar.

Muitos grupos se estabeleceram ao redor de rios, lagos e nascentes — atraídos não só pela água potável, mas também pela disponibilidade de alimentos.

Nessas regiões, eles tinham acesso a peixes, moluscos de água doce, rãs, tartarugas, ovos, algas e até insetos aquáticos — todos com algum teor de gordura útil para o corpo, incluindo o cérebro.

Peixes de água doce também contêm DHA, mas em quantidade menor do que os peixes do mar.

Isso acontece porque os peixes obtêm DHA a partir de algas microscópicas — conhecidas como fitoplâncton — que são muito mais abundantes no ambiente marinho.

Hoje, a ciência mostra que o DHA continua moldando o cérebro humano — desde antes do nascimento.

Um estudo de 2010 mostrou que mães que amamentavam e consumiam mais ômega-3, especialmente o DHA, tinham bebês com cérebros mais desenvolvidos e funcionais — especialmente no córtex frontal, responsável por habilidades tipicamente humanas.

Outros estudos mostram que a falta de DHA pode levar ao encolhimento do córtex pré-frontal, além de prejudicar a atenção, o aprendizado e até aumentar os sintomas de TDAH em crianças.

Agora vamos falar dos golfinhos.

Todos nós sabemos que esses animais são os gênios do mar.

Eles consomem grandes quantidades de DHA, graças a uma dieta rica em peixes.

E isso levanta uma pergunta curiosa:

Se eles consomem tanto DHA… por que a inteligência deles não supera a nossa?

Pesquisadores explicam que cérebros mais inteligentes — com mais neurônios — consomem grandes quantidades de energia e oxigênio.

No caso dos golfinhos, existe um limite natural:

Eles foram adaptados para prender a respiração por longos períodos.

Mas essa habilidade tem um custo: ela limita o quanto de oxigênio o cérebro pode receber.

Se o cérebro deles fosse mais ativo, eles simplesmente não conseguiriam mergulhar por tanto tempo.

E os golfinhos não são os únicos.

Vários outros animais marinhos consomem DHA — e também demonstram inteligência notável.

As orcas, os polvos… até alguns tubarões.

Cada um à sua maneira, surpreendem pesquisadores com comportamentos complexos, estratégias e habilidades cognitivas.

E o que todos eles têm em comum?

Uma dieta rica em peixes — e, consequentemente, em DHA.

O Japão tem um dos maiores índices de QI do mundo — com média de 106 pontos.

Só para se ter uma ideia, o QI médio dos brasileiros fica entre 85 e 87 pontos — um valor bem abaixo da média global.

Claro, como já falamos, o QI depende de muitos fatores…

Mas os nutrientes que o cérebro recebe também entram nessa equação — e a dieta japonesa é especialmente rica em DHA.

Os japoneses consomem grandes quantidades de frutos do mar, praticamente todos os dias.

Peixes estão por toda parte: supermercados, restaurantes, marmitas escolares…

Até em bolinhos de arroz, sashimis e refeições vendidas em lojas de conveniência.

O DHA tem um problema: ele tem uma certa sensibilidade ao calor.

Um peixe grelhado ou assado no forno pode perder de 10% a 20% do seu conteúdo de DHA.

Já em frituras com óleos vegetais, o dano é ainda maior — cerca de 40%.

E não é só isso: além da perda do DHA, podem se formar compostos inflamatórios.

E é aí que o Japão se destaca: lá, grande parte dos peixes é consumida crua — como no sushi e no sashimi — preservando praticamente todo o DHA original.

Além disso… o país tem mais que o dobro de restaurantes de sushi do que a soma de lojas de fast food e pizzarias.

E o Japão não é o único.

Outros países com dietas naturalmente ricas em DHA também apresentam níveis médios de QI mais altos — como a Islândia, por exemplo.

Os inuítes do Ártico consomem dietas extremamente ricas em DHA, provenientes de peixes e mamíferos marinhos (como focas). Estudos mostram que crianças inuítes têm habilidades cognitivas avançadas.

E mais uma vez é importante lembrar: não se trata apenas de DHA.

O Brasil, por exemplo, enfrenta problemas como, escolas caindo aos pedaços, professores mal remunerados e contextos familiares marcados por insegurança e muita pobreza.

O que estamos fazendo aqui é destacar apenas um fator — o nutricional — dentro de um cenário muito mais amplo.

Papagaios e corvos, conhecidos por sua inteligência excepcional, também consomem dietas que incluem fontes indiretas de DHA — como insetos e, em algumas espécies, até pequenos peixes.

Embora as aves não dependam tanto do DHA quanto os mamíferos, pesquisadores acreditam que a presença desse nutriente pode estar relacionada ao desenvolvimento de cérebros mais complexos em algumas espécies.

Um estudo com babuínos que vivem em áreas costeiras da África do Sul mostrou que esses primatas — que consomem alimentos marinhos, como moluscos — demonstram comportamentos mais complexos do que os babuínos que vivem no interior.

Herbívoros como vacas e cavalos, têm cérebros perfeitamente adaptados ao que precisam fazer: reconhecer predadores, encontrar alimento, viver em grupos…

Mas esses cérebros são menos complexos, com menor número de neurônios e menos capacidade para habilidades cognitivas avançadas.

Esses animais não consomem DHA diretamente.

Eles dependem de um processo metabólico que converte o ALA — um tipo de ômega-3 encontrado em gramíneas e outras plantas — em DHA.

Mas essa conversão é extremamente ineficiente, geralmente abaixo de 5%.

O resultado? Níveis muito baixos de DHA no cérebro.

Já os animais carnívoros, como os leões, consomem carne, mas o DHA é escasso na carne muscular, concentrando-se em órgãos como cérebro e olhos, que nem sempre são consumidos.

Os ursos negros têm uma dieta mais variada — baseada em frutas, raízes, insetos e pequenos animais terrestres. Já os ursos polares e os ursos pardos costeiros consomem mais alimentos aquáticos, ricos em DHA.

Curiosamente, são justamente esses ursos com dietas mais ricas em DHA que demonstram estratégias de caça mais sofisticadas e comportamentos considerados mais complexos.

Mas é importante deixar algo claro: consumir DHA, por si só, não garante mais inteligência. Existem animais que consomem DHA diretamente — como gaivotas, tartarugas marinhas e peixes herbívoros que se alimentam de algas — mas que não apresentam níveis cognitivos elevados.

Isso mostra que a inteligência depende de múltiplos fatores: tamanho e organização cerebral, exigências sociais, estímulos ambientais e pressões evolutivas.

Ainda assim, não há como negar: o DHA é um dos ingredientes mais estratégicos na construção de cérebros mais conectados e mais eficientes. Isso porque ele é fundamental para a fluidez das membranas neuronais, a formação de sinapses e a plasticidade cerebral — três pilares da cognição e do aprendizado.

No cérebro humano, o DHA é a gordura estrutural predominante, especialmente nas regiões associadas à memória, aprendizado e raciocínio.

E agora, precisamos falar sobre aquela terceira gordura que Crawford mencionou —

uma gordura que, em vez de ajudar, parece atrapalhar o funcionamento do cérebro.

Estamos falando do ácido linoleico.

O ácido linoleico é uma gordura essencial, mas, quando está em excesso, ele disputa espaço com outro tipo de gordura, o ALA — que o corpo precisa transformar em DHA para alimentar o cérebro.

Mas essa transformação já é difícil por natureza… E com muito ácido linoleico na jogada, fica ainda mais difícil.

Como resultado, a disponibilidade de DHA para o cérebro torna-se AINDA menor.

E é exatamente isso que está acontecendo com os humanos modernos…

Com uma exceção importante: os japoneses e outros povos, que ainda mantêm uma dieta rica em DHA e EPA, e com pouco ácido linoleico.

Ou seja, a dieta padrão ocidental atual está assim: baixa ingestão direta de DHA, excesso de ácido linoleico, e uma conversão metabólica limitada.

O resultado disso é um desequilíbrio que está nos levando, silenciosamente, na direção contrária da evolução cerebral.

O ácido linoleico não é um veneno.

Ele está naturalmente presente, em pequenas quantidades, em alimentos como sementes, nozes, plantas — e até na carne, em proporção menor.

Sempre fez parte da dieta humana — mas de forma limitada, vinda de alimentos integrais.

A grande mudança ocorreu no século vinte, quando os óleos extraídos de sementes e grãos passaram a fazer parte da nossa dieta.

Entre eles, destacam-se os óleos de soja, milho, girassol, algodão, canola…

Para extrair o máximo possível de óleo dessas sementes — que naturalmente não soltam gordura com facilidade — a indústria precisou recorrer a processos cada vez mais agressivos:

As sementes são trituradas, prensadas sob alta temperatura, lavadas com solventes químicos como o hexano, e depois desodorizadas com vapor quente.

O resultado?

Uma gordura líquida, barata e altamente concentrada em ácido linoleico — algo que jamais existiu em tal proporção na história da dieta humana.

Para ter uma ideia do quão concentrados esses óleos são: em média, são necessárias cerca de 20 espigas de milho para produzir uma colher de sopa de óleo de milho.

E aproximadamente 560 sementes de girassol para uma colher de óleo de girassol.

Ou seja, uma concentração altíssima de ácido linoleico.

Compare isso com o azeite de oliva ou o óleo de coco, por exemplo — que são extraídos a frio, sem uso de solventes ou altas temperaturas.

Além disso, esses óleos possuem concentrações muito mais baixas de ácido linoleico:

O azeite de oliva extra virgem tem cerca de 7% a 14% de ácido linoleico.

O óleo de coco, menos de 2%.

Já o óleo de girassol refinado pode ultrapassar 60% a 70%.

Esses óleos extraídos a frio, são gorduras mais estáveis, com baixa tendência à oxidação e uma longa história de consumo seguro em populações tradicionais.

Já os óleos vegetais refinados surgiram com outro propósito.

No final do século 19, as sementes de algodão, que antes eram descartadas pela indústria têxtil, passaram a ser aproveitadas para extrair óleo.

Mas esse óleo não era comestível. Era forte, amargo e cheio de impurezas.

Por isso, era usado como lubrificante de máquinas, e também na fabricação de velas e sabões.

Mas, com a chegada da energia elétrica e das lâmpadas incandescentes, o mercado de velas encolheu drasticamente.

Pouco depois, os óleos minerais derivados do petróleo, começaram a dominar a lubrificação industrial, oferecendo melhor desempenho e menor custo. Com isso, os óleos vegetais passaram a ser cada vez menos usados nas máquinas

Foi então que as indústrias desses óleos, buscando um novo mercado, voltaram seus olhos para algo muito maior:

A nossa alimentação.

E, foi nesse momento que os processos industriais de refino, branqueamento e desodorização transformaram esses óleos de sementes e grãos em produtos aparentemente comestíveis.

Hoje, esses óleos refinados estão em toda parte.

Pense nas frituras, no fast food, na maionese, nos molhos de salada…

Eles estão em praticamente tudo — muitas vezes camuflados em rótulos como “óleo vegetal”, “gordura vegetal” ou “óleo refinado”.

Estimativas indicam que, em uma dieta ocidental considerada ‘normal’, de 12,5% a 20% das calorias diárias vêm desse tipo de gordura. Isso representa cerca de 28 a 44 gramas de ácido linoleico por dia — uma quantidade extremamente superior à das dietas humanas tradicionais.

E aqui voltamos ao cérebro.

O doutor Crawford argumenta que o estado ideal para o cérebro prosperar envolve uma proporção elevada de DHA e pouco ácido linoleico.

Mas o que vemos hoje é exatamente o contrário.

No passado, as pessoas usavam fontes de gorduras naturais, sem tanto processamento.

As mais comuns eram banha de porco, sebo, óleo de peixe, manteiga…

Esses alimentos eram, na maioria, fontes Boa parte das fontes de gorduras consumidas, eram

Até que essas gorduras  — que sempre fizeram parte da dieta humana — foram colocadas no banco dos réus.

E foram acusadas de serem as vilãs das doenças cardíacas.

Tudo começou na década de 40, quando uma grande empresa fabricante de um óleo vegetal rico em ácido linoleico, fez uma doação de 1,7 milhão de dólares à: AHA — Associação Americana do Coração.

No próprio livro de história da associação está escrito:

“Da noite para o dia, milhões entraram em nossos cofres.”

Depois disso, a AHA cresceu em prestígio e passou a orientar a saúde pública com base em diretrizes que favoreciam justamente o uso dos óleos vegetais industrializados.

Campanhas publicitárias massivas foram feitas em cima da ideia de que gordura saturada era perigosa, enquanto esses óleos industrializados ricos em ácido linoleico seriam benéficos para o coração.

Mas será que isso deu certo?

Décadas se passaram…

E o que vimos foi exatamente o oposto do que prometeram.

As doenças cardíacas, que antes eram raras, explodiram.

Hoje, são a principal causa de morte no mundo — atingindo pessoas cada vez mais jovens.

Estamos vivendo mais, é verdade…

Mas cheios de problemas crônicos e dependendo cada vez mais de medicamentos.

Claro, os fatores são múltiplos.

Mas se olharmos para o excesso de ácido linoleico, o contexto começa a fazer mais sentido.

O excesso de ácido linoleico na dieta pode elevar os níveis de ácido araquidônico (AA), favorecendo a produção de moléculas pró-inflamatórias.

O resultado é o aumento de um estado conhecido como inflamação crônica de baixo grau — um processo silencioso e persistente, que não dá sintomas imediatos, mas corrói o corpo por dentro, favorecendo o surgimento de doenças crônicas como aterosclerose, diabetes tipo 2 e até Alzheimer.

Um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology, em 2020,

mostrou que altos níveis de oxidação de LDL — aquela partícula que ficou conhecida como “colesterol ruim” — estão fortemente associados a dietas ricas em ácido linoleico.

Isso porque esse tipo de gordura oxida com facilidade dentro do corpo.

E, quando oxida, danifica células, tecidos e vasos sanguíneos.

Ou seja:

O nível de colesterol não conta a história completa.

O problema real é a inflamação gerada pela oxidação dessas gorduras instáveis.

Outro estudo, publicado na revista Circulation Research, revelou que produtos da oxidação do ácido linoleico —  como o 9-HODE e o 13-HODE — são encontrados em alta concentração dentro das placas de aterosclerose.

E o mais curioso… é que até hoje, muita gente ainda culpa a gordura saturada natural por boa parte desses problemas de saúde.

Sim, o excesso de qualquer gordura pode fazer mal — seja saturada, monoinsaturada ou poli-insaturada.

Mas demonizar a gordura saturada, isoladamente, é um erro simplista.

Vamos lembrar que a gordura saturada está naturalmente presente no leite materno — o primeiro e mais completo alimento da vida humana.

Ela é fundamental para o crescimento saudável e o desenvolvimento do cérebro nos primeiros anos.

E por falar nisso…

Hoje, a maioria das fórmulas infantis é feita com óleos vegetais ricos em ácido linoleico.

Ou seja:

A base de gordura que alimenta milhões de cérebros em formação…

é a mesma gordura associada à inflamação e possíveis impactos na saúde cognitiva.

E aqui está mais um paradoxo:

Já sabemos há décadas que o DHA é essencial para o cérebro.

Por isso, muitas fórmulas infantis adicionam DHA sintético — tentando corrigir o problema.

Mas o que quase ninguém fala é que essas mesmas fórmulas continuam cheias de ácido linoleico —

uma gordura que compete com o DHA no cérebro e atrapalha sua ação.

O cérebro humano foi moldado com gorduras naturais ao longo de milhões de anos.

E, em poucas décadas, invertamos completamente essa lógica.

Trocamos a sabedoria da evolução… pela lógica do mercado.

Trocamos gordura de verdade… por gordura de laboratório.

Link do vídeo:

https://youtu.be/RRF3cRHMw3I

Referências:

1. Are changes in fatty acid consumption responsible for the rise in the prevalence of neurodevelopmental disorders? – Dr. Alex Richardson (FAB Research)
Este artigo discute como alterações no consumo de gorduras ao longo do século 20 podem estar associadas ao aumento de transtornos do neurodesenvolvimento, destacando o papel dos ácidos graxos essenciais.
🔗 Link para o artigo


2. Increased intake of linoleic acid may exacerbate oxidative stress and inflammation
Estudo publicado no Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids mostrando que o consumo elevado de ácido linoleico pode agravar processos inflamatórios e estresse oxidativo — fatores que impactam a saúde cerebral.
🔗 Link para o estudo


3. Essential fatty acids in the pathogenesis of atherosclerosis
Revisão sobre como diferentes tipos de ácidos graxos, incluindo o ácido linoleico e o DHA, afetam o sistema cardiovascular — com implicações também para a saúde do cérebro.
🔗 Link para o estudo


4. Omega-3 Fatty Acids: Current Status and Future Directions in the Prevention and Treatment of Cardiovascular Diseases
Artigo do Journal of the American College of Cardiology que revisa os efeitos do ômega-3 (especialmente o DHA e o EPA) na prevenção de doenças cardiovasculares, e destaca seu papel neuroprotetor.
🔗 Link para o artigo


5. Omega-3 polyunsaturated fatty acids and neurodegenerative diseases: A review of the long-term effects
Revisão publicada no Journal of Nutritional Biochemistry, analisando como os ácidos graxos ômega-3 impactam a cognição, o envelhecimento cerebral e a prevenção de doenças neurodegenerativas.
🔗 Link para o artigo

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